Reunião de Estudo: O Evangelho Segundo o Espiritismo (53)

Ano VII - 24/04/2011
CAPÍTULO V
BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS

Se fosse um homem de bem, teria morrido
22. Falando de um homem mau, que escapa de um perigo, costumais dizer: "Se fosse
um homem bom, teria morrido." Pois bem, assim falando, dizeis uma verdade, pois, com
efeito, muito amiúde sucede dar Deus a um Espírito de progresso ainda incipiente prova mais
longa, do que a um bom que, por prêmio do seu mérito, receberá a graça de ter tão curta
quanto possível a sua provação. Por conseguinte, quando vos utilizais daquele axioma, não
suspeitais de que proferis uma blasfêmia.

Se morre um homem de bem, cujo vizinho é mau homem, logo observais: "Antes fosse este." Enunciais uma enormidade, porquanto aquele que parte concluiu a sua tarefa e o
que fica talvez não haja principiado a sua. Por que, então, haveríeis de querer que ao mau
faltasse tempo para terminá-la e que o outro permanecesse preso à gleba terrestre? Que diríeis se um prisioneiro, que cumpriu a sentença contra ele pronunciada, fosse conservado no
cárcere, ao mesmo tempo que restituíssem à liberdade um que a esta não tivesse direito? Ficai
sabendo que a verdadeira liberdade, para o Espírito, consiste no rompimento dos laços que o
prendem ao corpo e que, enquanto vos achardes na Terra, estareis em cativeiro.
Habituai-vos a não censurar o que não podeis compreender e crede que Deus é justo
em todas as coisas. Muitas vezes, o que vos parece um mal é um bem. Tão limitadas, no
entanto, são as vossas faculdades, que o conjunto do grande todo não o apreendem os vossos
sentidos obtusos. Esforçai-vos por sair, pelo pensamento, da vossa acanhada esfera e, à
medida que vos elevardes, diminuirá para vós a importância da vida material que, nesse caso,
se vos apresentará como simples incidente, no curso infinito da vossa existência espiritual,
única existência verdadeira. - Fénelon. (Sens, 1861.)

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