Reunião de Estudo: Livro dos Médiuns (2)

Ano VII - 19/04/2011
CAPÍTULO II
DO MARAVILHOSO E DO SOBRENATURAL

7. Se a crença nos Espíritos e nas suas manifestações representasse uma
concepção singular, fosse produto de um sistema, poderia, com visos de razão, merecer
a suspeita de ilusória. Digam-nos, porém, por que com ela deparamos tão vivaz entre
todos os povos, antigos e modernos, e nos livros santos de todas as religiões
conhecidas? E, respondem os críticos, porque, desde todos os tempos, o homem teve o
gosto do maravilhoso. - Mas, que entendeis por maravilhoso? - O que é sobrenatural. -
Que entendeis por sobrenatural? - O que é contrário às leis da Natureza. - Conheceis,
porventura, tão bem essas leis, que possais marcar limite ao poder de Deus? Pois bem!
Provai então que a existência dos Espíritos e suas manifestações são contrárias às leis da
Natureza; que não é, nem pode ser uma destas leis. Acompanhai a Doutrina Espírita e
vede se todos os elos, ligados uniformemente à cadeia, não apresentam todos os caracteres de uma lei admirável, que resolve tudo o que as filosofias até agora não puderam resolver.
O pensamento é um dos atributos do Espírito; a possibilidade, que eles têm, de
atuar sobre a matéria, de nos impressionar os sentidos e, por conseguinte, de nos
transmitir seus pensamentos, resulta, se assim nos podemos exprimir, da constituição
fisiológica que lhes é própria. Logo, nada há de sobrenatural neste fato, nem de
maravilhoso. Tornar um homem a viver depois de morto e bem morto, reunirem-se seus
membros dispersos para lhe formarem de novo o corpo, sim, seria maravilhoso,
sobrenatural, fantástico. Haveria aí uma verdadeira derrogação da lei, o que somente
por um milagre poderia Deus praticar. Coisa alguma, porém, de semelhante há na
Doutrina Espírita.

8. Entretanto, objetarão, admitis que um Espírito pode suspender uma mesa e
mantê-la no espaço sem ponto de apoio. Não constitui isto um a derrogação da lei de
gravidade? - Constitui, mas da lei conhecida; porém, já a Natureza disse a sua última
palavra? Antes que se houvesse experimentado a força ascensional de certos gases,
quem diria que uma máquina pesada, carregando muitos homens, fosse capaz de triunfar
da força de atração? Aos olhos do vulgo, tal coisa não pareceria maravilhosa, diabólica?
Por louco houvera passado aquele que, há um século, se tivesse proposto a transmitir
um telegrama a 500 léguas de distância e a receber a resposta, alguns minutos depois.
Se o fizesse, toda gente creria ter ele o diabo às suas ordens, pois que, àquela época, só
ao diabo era possível andar tão depressa. Porque, então, um fluido desconhecido não
poderia, em dadas circunstâncias, ter a propriedade de contrabalançar o efeito da
gravidade, como o hidrogênio contrabalança o peso do balão? Notemos, de passagem,
que não fazemos uma assimilação, mas apenas urna comparação, e unicamente para
mostrar, por analogia, que o fato não é fisicamente impossível.

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