Reunião Publica (247) - O Evangelho Segundo o Espiritismo

Ano IX - 31/05/2015

Ano IX - 07/06/2015
Cap. XXVI –Dai gratuitamente o que gratuitamente recebestes

8. Quem conhece as condições em que os bons Espíritos se comunicam, a repulsão
que sentem por tudo o que é de interesse egoístico, e sabe quão pouca coisa se faz mister para
que eles se afastem, jamais poderá admitir que os Espíritos superiores estejam à disposição do
primeiro que apareça e os convoque a tanto por sessão. O simples bom senso repele
semelhante idéia. Não seria também uma profanação evocarmos, por dinheiro, os seres que
respeitamos, ou que nos são caros? E fora de dúvida que se podem assim obter
manifestações; mas, quem lhes poderia garantir a sinceridade? Os Espíritos levianos,
mentirosos, brincalhões e toda a caterva dos Espíritos inferiores, nada escrupulosos, sempre
acorrem, prontos a responder ao que se lhes pergunte, sem se preocuparem com a verdade.
Quem, pois, deseje comunicações sérias deve, antes de tudo, pedi-las seriamente e, em
seguida, inteirar-se da natureza das simpatias do médium com os seres do mundo espiritual.
Ora, a primeira condição para se granjear a benevolência dos bons Espíritos é a humildade, o
devotamento, a abnegação, o mais absoluto desinteresse moral e material.

9. A par da questão moral, apresenta-se uma consideração efetiva não menos
importante, que entende com a natureza mesma da faculdade. A mediunidade séria não pode
ser e não o será nunca uma profissão, não só porque se desacreditaria moralmente,
identificada para logo com a dos ledores da boa-sorte, como também porque um obstáculo a
isso se opõe. E que se trata de uma faculdade essencialmente móvel, fugidia e mutável, com
cuja perenidade, pois, ninguém pode contar. Constituiria, portanto, para o explorador, uma
fonte absolutamente incerta de receitas,de natureza a poder faltar-lhe no momento exato em que mais necessária lhe fosse. Coisa
diversa é o talento adquirido pelo estudo, pelo trabalho e que, por essa razão mesma,
representa uma propriedade da qual naturalmente lícito é, ao seu possuidor, tirar partido. A
mediunidade, porém, não é uma arte, nem um talento, pelo que não pode tornar-se uma
profissão. Ela não existe sem o concurso dos Espíritos; faltando estes, já não há mediunidade.
Pode subsistir a aptidão, mas o seu exercício se anula. Daí vem não haver no mundo um
único médium capaz de garantir a obtenção de qualquer fenômeno espírita em dado instante.
Explorar alguém a mediunidade é, conseguinte-mente, dispor de uma coisa da qual não é
realmente dono. Afirmar o contrário é enganar a quem paga. Há mais: não é de si próprio que
o explorador dispõe; é do concurso dos Espíritos, das almas dos mortos, que ele põe a preço
de moeda. Essa idéia causa instintiva repugnância. Foi esse tráfico, degenerado em abuso,
explorado pelo charlatanismo, pela ignorância, pela credulidade e pela superstição que
motivou a proibição de Moisés. O moderno Espiritismo, compreendendo o lado sério da
questão, pelo descrédito a que lançou essa exploração, elevou a mediunidade à categoria de
missão. (Veja-se: O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, cap. XXVIII. - O Céu e o Inferno, 1ª Parte,
cap. XI.)

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