Reunião Publica: O Evangelho Segundo o Espiritismo (163)

Ano IX - 15/09/2013

CAPÍTULO XIV - HONRAI A VOSSO PAI E A VOSSA MÃE

A parentela corporal e a parentela espiritual
8. Os laços do sangue não criam forçosamente os liames entre os Espíritos. O corpo
procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porquanto o Espírito já existia
antes da formação do corpo. Não é o pai quem cria o Espírito de seu filho; ele mais não faz
do que lhe fornecer o invólucro corpóreo, cumprindo-lhe, no entanto,auxiliar o desenvolvimento intelectual e moral do filho, para fazê-lo progredir.
Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são, as mais das
vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma
afeição recíproca na vida terrena. Mas, também pode acontecer sejam completamente
estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente
anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo, que aí lhes serve de
provação. Não são os da consangüinidade os verdadeiros laços de família e sim os da
simpatia e da comunhão de idéias, os quais prendem os Espíritos antes, durante e depois de
suas encarnações. Segue-se que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos
pelo Espírito, do que se o fossem pelo sangue. Podem então atrair-se, buscar-se, sentir prazer
quando juntos, ao passo que dois irmãos consangüíneos podem repelir-se, conforme se
observa todos os dias: problema moral que só o Espiritismo podia resolver pela pluralidade
das existências. (Cap. IV, nº 13.)
Há, pois, duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias
pelos laços corporais. Duráveis, as primeiras se fortalecem pela purificação e se perpetuam
no mundo dos Espíritos, através das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a
matéria, se extinguem com o tempo e muitas vezes se dissolvem moralmente, já na existência
atual. Foi o que Jesus quis tornar compreensível, dizendo de seus discípulos: Aqui estão
minha mãe e meus irmãos, isto é, minha família pelos laços do Espírito, pois todo aquele que
faz a vontade de meu Pai que está nos céus é meu irmão, minha irmã e minha mãe.
A hostilidade que lhe moviam seus irmãos se acha claramente expressa em a narração
de São Marcos, que diz terem eles o propósito de se apoderarem do Mestre, sob o pretexto de
que este perdera o espirito. Informado da chegada deles, conhecendo os sentimentos que
nutriam a seu respeito, era natural que Jesus dissesse, referindo-se a seus discípulos, do ponto
de vista espiritual: "Eis aqui meus verdadeiros irmãos." Embora na companhia daqueles estivesse sua mãe, ele generaliza o ensino que de maneira alguma implica haja pretendido
declarar que sua mãe segundo o corpo nada lhe era como Espírito, que só indiferença lhe
merecia. Provou suficientemente o contrário em várias outras circunstâncias.

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