Reunião Publica: Livro dos Espíritos (152)

Ano IX - 19/05/2013

CAPÍTULO IV -DA PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS
Encarnação nos diferentes mundos

188. Os Espíritos puros habitam mundos especiais, ou se acham no espaço
universal, sem estarem mais ligados a um mundo do que a outros?

“Habitam certos mundos, mas não lhes ficam presos, como os homens à Terra;
podem, melhor do que os outros, estar em toda parte.” (1)

(1) Segundo os Espíritos, de todos os mundos que compõe o nosso sistema
planetário, a Terra é dos de habitantes menos adiantados, física e moralmente. Marte lhe
estaria ainda abaixo, sendo-lhe Júpiter superior de muito, a todos os respeitos. O Sol não
seria mundo habitado por seres corpóreos, mas simplesmente um lugar de reunião dos
Espíritos superiores, os quais de lá irradiam seus pensamentos para os outros mundos, que
eles dirigem por intermédio de Espíritos menos elevados, transmitindo-os a estes por meio
do fluido universal. Considerado do ponto de vista da sua constituição física, o Sol seria um
foco de eletricidade. Todos os sóis como que estariam em situação análoga.
O volume de cada um e a distância a que esteja do Sol nenhuma relação necessária
guardam com o grau do seu adiantamento, pois que, do contrário, Vênus deveria ser tida
por mais adiantada do que a Terra e Saturno menos do que Júpiter.
Muitos Espíritos, que na Terra animaram personalidades conhecidas, disseram estar
reencarnados em Júpiter, um dos mundos mais próximos da perfeição, e há causado espanto
que, nesse globo tão adiantado, estivessem homens a que a opinião geral aqui não atribuía
tanta elevação. Nisso nada há de surpreendente, desde que se atenda a que, possivelmente,
certos Espíritos, habitantes daquele planeta, foram mandados à Terra para desempenharem
aí certa missão que, aos nossos olhos, os não colocava na primeira plana. Em segundo
lugar, deve-se atender a que, entre a existência que tiveram na Terra e a que passaram a ter
em Júpiter, podem eles ter tido outras intermédias, em que se melhoraram. Finalmente,
cumpre se considere que, naquele mundo, como no nosso, múltiplos são os graus de
desenvolvimento e que, entre esses graus, pode medear lá a distância que vai, entre nós, do
selvagem ao homem civilizado. Assim, do fato de um Espírito habitar Júpiter não se segue
que esteja no nível dos seres mais adiantados, do mesmo modo que ninguém pode considerar-se na
categoria de um sábio do Instituto, só porque reside em Paris.
As condições de longevidade não são, tampouco, em qualquer parte, as mesmas que
na Terra e as idades não se podem comparar. Evocado, um Espírito que desencarnara havia
alguns anos, disse que, desde seis meses antes, estava encarnado em mundo cujo nome nos
é desconhecido. Interrogado sobre a idade que tinha nesse mundo, disse: “Não posso avaliála,
porque não contamos o tempo como contais. Depois, os modos de existência não são
idênticos. Nós, lá, nos desenvolvemos muito mais rapidamente. Entretanto, se bem não haja
mais de seis dos vossos meses que lá estou, posso dizer que, quanto à inteligência, tenho
trinta anos da idade que tive na Terra.”
Muitas respostas análogas foram dadas por outros Espíritos e o fato nada apresenta
de inverossímil. Não vemos que, na Terra, uma imensidade de animais em poucos meses
adquire o desenvolvimento normal? Por que não se poderia dar o mesmo com o homem
noutras esferas? Notemos, além disso, que o desenvolvimento que o homem alcança na
Terra aos trinta anos talvez não passe de uma espécie de infância, comparado com o que lhe
cumpre atingir. Bem curto de vista se revela quem nos toma em tudo por protótipos da
criação, assim como é rebaixar a Divindade o imaginar-se que, fora o homem, nada mais
seja possível a Deus.


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