Reunião de Estudo: O Livro dos Espíritos (122)

Ano VIII - 14/10/2012
Parte Segunda - Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos Capítulo III - DA VOLTA DO ESPÍRITO, EXTINTA A VIDA CORPÓREA, À VIDA ESPIRITUAL

Separação da alma e do corpo

155. Como se opera a separação da alma e do corpo?
“Rotos os laços que a retinham, ela se desprende.”
a) - A separação se dá instantaneamente por brusca transição? Haverá alguma
linha de demarcação nitidamente traçada entre a vida e a morte?
“Não; a alma se desprende gradualmente, não se escapa como um pássaro cativo a
que se restitua subitamente a liberdade. Aqueles dois estados se tocam e confundem, de
sorte que o Espírito se solta pouco a pouco dos laços que o prendiam. Estes laços se
desatam, não se quebram.”

Durante a vida, o Espírito se acha preso ao corpo pelo seu envoltório semimaterial
ou perispírito. A morte é a destruição do corpo somente, não a desse outro invólucro, que
do corpo se separa quando cessa neste a vida orgânica. A observação demonstra que, no
instante da morte, o desprendimento do perispírito não se completa subitamente; que, ao
contrário, se opera gradualmente e com uma lentidão muito variável conforme os
indivíduos. Em uns é bastante rápido, podendo dizer-se que o momento da morte é mais ou
menos o da libertação. Em outros, naqueles sobretudo cuja vida toda material e sensual, o
desprendimento é muito menos rápido, durando algumas vezes dias, semanas e até meses, o
que não implica existir, no corpo, a menor vitalidade, nem a possibilidade de volver à vida,
mas uma simples afinidade com o Espírito, afinidade que guarda sempre proporção com a
preponderância que, durante a vida, o Espírito deu à matéria. É, com efeito, racional
conceber-se que, quanto mais o Espírito se haja identificado com a matéria, tanto mais
penoso lhe seja separar-se dela; ao passo que a atividade intelectual e moral, a elevação dos
pensamentos operam um começo de desprendimento, mesmo durante a vida do corpo, de
modo que, em chegando a morte, ele é quase instantâneo. Tal o resultado dos estudos feitos
em todos os indivíduos que se têm podido observar por ocasião da morte. Essas
observações ainda provam que a afinidade, persiste entre a alma e o corpo, em certos
indivíduos, é, às vezes, muito penosa, porquanto o Espírito pode experimentar o horror da
decomposição. Este caso, porém, é excepcional e peculiar a certos gêneros de vida e a
certos gêneros de morte. Verifica-se com alguns suicidas.

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