Novo Testamento - Domingo, 28/02/2010

Mateus Capítulo 27 versículo 55 a 56
(55) Estavam ali muitas mulheres, contemplando de longe, as quais tinham acompanhado Jesus desde a Galiléia, para servi-lo. (56). Entre elas estavam Maria Madalena, e Maria, a mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu.

Estudos do Evangelho Carlos Torres Pastorino - Ao Pé da Cruz
Aqui encontramos a relação dos que se encontravam a contemplar a cruz, durante a permanência de Jesus. A enumeração não é lisonjeira para os homens, pois o único presente, dos Seus amigos, parece ter sido João, o discípulo amado. As mulheres citadas, acompanharam Jesus durante todo o Seu ministério.
Todos mantinham-se de pé fortes e corajosas! Foi quando Jesus cônscio de si e com todas as Suas energias, percorreu o olhar pelas pessoas ali presentes, e proferiu as frases curtas e incisivas: .Mulher, eis teu filho. Com isso nomeava João, o discípulo amado, como Seu substituto legal no afeto de Maria. Voltando-se, depois, para João, ratifica o mesmo legado: .eis tua mãe. e desde essa hora, tomou-a o discípulo como coisa própria.
A beleza deste capítulo é imensa, pois o vemos imbuído de delicadeza de sentimentos. Em primeiro lugar salienta-se a fidelidade feminina, geralmente bem maior que a masculina, em vista dos sentimentos mais apurados e do amor naturalmente materno e sacrificial. Apesar do ambiente rude de soldados, do espetáculo horripilante e deprimente da cruel crucificação, do cansaço e dos fortes impactos emocionais das últimas horas, não abandonaram o ser amado à sua sorte: permaneceram de pé, a confortar com seus olhares amorosos aquele que estava a sofrer pelo bem que espalhara e pelos profundos conhecimentos espirituais que demonstrara em Seus ensinamentos às multidões e ao grupo de Seus discípulos. E através do olhar, deveram também sustentá-Lo com seus fluidos de amor inigualável, diminuindo-Lhe a dor moral do abandona da maioria de Seus discípulos e mantendo-O anestesiado às dores físicas.
A expressão "de longe contemplavam"” (Mateus, Marcos e Lucas) é contraditada pelo testemunho pessoal de João, ali presente: “junto à cruz de Jesus. Temos que compreender um meio termo, pois de longe” nem poderiam ter ouvido as palavras proferidas por Jesus. Fora do círculo familiar da mãe, das duas tias e da irmã de Jesus (Salomé) e do sobrinho João, a única não parenta era a Madalena, a grande apaixonada pelo Mestre, e que, uma vez tocada, jamais O abanonara. Em segundo lugar observamos a cena da entrega de Maria, Sua Mãe, ao discípulo amado, a fim de que ele cuidasse de Maria em lugar do próprio filho Jesus. Anotemos, de passagem, que se Maria tivesse tido outros filhos, ou mesmo enteados (filhos do primeiro matrimônio de José), esse gesto de Jesus tem ensanchas de magoá-los profundamente. Daí termos aceitado, desde o início, a hipótese da expressão irmãos de Jesus, como sendo seus primos irmãos.
Já o contrário podia dar-se, como se deu: embora estivesse presente Salomé, mãe de João, era perfeitamente admissível que Jesus atribuísse o encargo de Sua mãe ao discípulo amado, sem que por isso se sentisse magoada a mãe de João, grande e sincera discípula de Jesus. Antes, para ela constituía uma honra, pois demonstrava a confiança que o Mestre depositava em seu filho, ainda tão jovem (João, a essa época, parece que contava cerca de 21 ou 22 anos). A partir daí, João manteve Maria a seu lado, tendo-a levado para Éfeso, segundo a tradição, onde ela veio a falecer muitos anos depois.
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"Com Jesus começou o legítimo feminismo. Não aquele que enche as mãos de suas expositoras com estandartes coloridos das ideologias políticas do mundo, mas que lhes traça nos corações diretrizes superiores e santificantes. Nos ambientes mais rigoristas em matéria de fé religiosa, quais do Judaísmo, antes do Mestre, a mulher não passava de mercadoria condenada ao cativeiro. O Evangelho inaugura nova era para as esperanças femininas. Nele vemos a consagração de Maria Santíssima, a sublime conversaão de Madalena, a dedicação das irmãs de Lázaro, o espírito abnegado das senhoras de Jerusalém que acompanham o Senhor até o instante extremo." - Emmanuel - Chico Xavier

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