Reunião Publica (326) - O Livro dos Espíritos

Ano X - 11/12/2016

CAPÍTULO VIII
DA EMANCIPAÇÃO DA ALMA

425. O sonambulismo natural tem alguma relação com os sonhos? Como expli-cálo?
“É um estado de independência do Espírito, mais completo do que no sonho, estado
em que maior amplitude adquirem suas faculdades. A alma tem então percepções de que
não dispõe no sonho, que é um estado de sonambulismo imperfeito.
“No sonambulismo, o Espírito está na posse plena de si mesmo. Os órgãos
materiais, achando-se de certa forma em estado de catalepsia, deixam de receber as
impressões exteriores. Esse estado se apresenta principalmente durante o sono, ocasião em
que o Espírito pode abandonar provisoriamente o corpo, por se encontrar este gozando do
repouso indispensável à matéria. Quando se produzem os fatos do sonambulismo, é que o
Espírito, preocupado com uma coisa ou outra, se aplica a uma ação qualquer, para cuja
prática necessita de utilizar-se do corpo. Serve-se então deste, como se serve de uma mesa
ou de outro objeto material no fenômeno das manifestações físicas, ou mesmo como se
utiliza da mão do médium nas comunicações escritas. Nos sonhos de que se
tem consciência, os órgãos, inclusive os da memória, começam a despertar. Recebem
imperfeitamente as impressões produzidas por objetos ou causas externas e as comunicam
ao Espírito, que, então, também em repouso, só experimenta, do que lhe é transmitido,
sensações confusas e, amiúde, desordenadas, sem nenhuma aparente razão de ser,
mescladas que se apresentam de vagas recordações, quer da existência atual, quer de
anteriores. Facilmente, portanto, se compreende por que os sonâmbulos nenhuma
lembrança guardam do que se passou enquanto estiveram no estado sonambúlico e por que
os sonhos não têm sentido. Digo - as mais das vezes, porque também sucede serem a
conseqüência de lembrança exata de acontecimentos de uma vida anterior e até, não raro,
uma espécie de intuição do futuro.”

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