Reunião Publica (318) - O Evangelho Segundo o Espiritismo

Ano X - 16/10/2016

Capítulo I - NÃO VIM DESTRUIR A LEI

As três revelações: Moisés, Cristo, Espiritismo.

O Cristo
3. Jesus não veio destruir a lei, isto é, a lei de Deus; veio cumpri-la, isto é,
desenvolvê-la, dar-lhe o verdadeiro sentido e adaptá-la ao grau de adiantamento dos homens.
Por isso é que se nos depara, nessa lei, o principio dos deveres para com Deus e para com o
próximo, base da sua doutrina. Quanto às leis de Moisés, propriamente ditas, ele, ao
contrário, as modificou profundamente, quer na substancia, quer na forma. Combatendo
constantemente o abuso das práticas exteriores e as falsas interpretações, por mais radical
reforma não podia fazê-las passar, do que as reduzindo a esta única prescrição: "Amar a Deus
acima de todas as coisas e o próximo como a si mesmo", e acrescentando: aí estão a lei toda
e os profetas.
Por estas palavras: "O céu e a Terra não passarão sem que tudo esteja cumprido até o
último iota", quis dizer Jesus ser necessário que a lei de Deus tivesse cumprimento integral, isto é, fosse
praticada na Terra inteira, em toda a sua pureza, com todas as suas ampliações e
conseqüências. Efetivamente, de que serviria haver sido promulgada aquela lei, se ela devesse
constituir privilégio de alguns homens, ou, sequer, de um único povo? Sendo filhos de Deus
todos os homens, todos, sem distinção nenhuma, são objeto da mesma solicitude.
4. Mas, o papel de Jesus não foi o de um simples legislador moralista, tendo por
exclusiva autoridade a sua palavra. Cabia-lhe dar cumprimento às profecias que lhe
anunciaram o advento; a autoridade lhe vinha da natureza excepcional do seu Espírito e da
sua missão divina. Ele viera ensinar aos homens que a verdadeira vida não é a que transcorre
na Terra e sim a que é vivida no reino dos céus; viera ensinar-lhes o caminho que a esse reino
conduz, os meios de eles se reconciliarem com Deus e de pressentirem esses meios na marcha
das coisas por vir, para a realização dos destinos humanos. Entretanto, não disse tudo,
limitando-se, respeito a muitos pontos, a lançar o gérmen de verdades que, segundo ele
próprio o declarou, ainda não podiam ser compreendidas. Falou de tudo, mas em termos mais
ou menos implícitos. Para ser apreendido o sentido oculto de algumas palavras suas, mister se
fazia que novas idéias e novos conhecimentos lhes trouxessem a chave indispensável, idéias
que, porém, não podiam surgir antes que o espírito humano houvesse alcançado um certo
grau de madureza. A Ciência tinha de contribuir poderosamente para a eclosão e o
desenvolvimento de tais idéias. Importava, pois, dar à Ciência tempo para progredir.

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