Artigo - SOBRE A MORALIDADE DE JESUS

Ano IX - Fevereiro/2015

Após um comentário em uma das redes sociais que falava sobre a moral do Cristo, Henrique Moutinho - trabalhador do GECD - escreveu este artigo provocando uma reflexão com bases sólidas sobre a inquestionável moral do Cristo. Muitas vezes, apoiados na nossa ignorância e numa visão ainda muito distante da realidade com Jesus, o homem se perde em seus questionamentos e acaba criando teorias e lógicas que os afastam cada vez mais, daquele que é o nosso maior exemplo!

Questão 625 do Livro dos Espíritos - Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo? “Jesus.”.

Boa leitura!
-----------------------------

SOBRE A MORALIDADE DE JESUS
Por Henrique Moutinho Filho

Seriam Buda e Sócrates moralmente superiores a Jesus Cristo? Li hoje, postado no Facebook por um querido amigo um texto assinado por Rodrigo César Dias, citando o julgamento feito pelo filosofo Bertrand Russel em sua obra “Why I am not a Christian and other essays on Religion and related subjects”.

O texto corrobora todos os argumentos para não desacreditar nos ensinos de Jesus e sim para questionarmos, como filósofos, estudiosos ou simplesmente crentes: teria Jesus realmente pregado tais coisas? Teria Ele nos condenado a uma pena eterna, separando familiares, amigos e irmãos após a morte? Estariam tais ensinamentos de acordo com a base amorosa de seus ensinamentos?

Bertrand Russel vai além ainda questionando o relato dos “porcos de Gadarene” que foram possuídos pelos demônios e se arremessaram ao mar. Menciona também a parábola da figueira seca na qual Jesus amaldiçoa a arvore por não oferecer frutos.

Devemos ter em mente sempre os contextos para não cairmos na falácia do julgamento precipitado que nos leva a adotar ideias exóticas sem a devida reflexão.

Primeiramente falemos sobre o eminente filosofo inglês Bertrand Russel (1872 – 1970), prêmio Nobel de Literatura em 1950. Em outros textos de sua autoria ele mesmo se questiona ser agnóstico ou ateu. Ser agnóstico por não comprovar a não existência de Deus ou ser ateu por não ser apto provar sua existência. Seus textos, como o citado acima, são muito críticos com as igrejas Cristas e o Cristianismo em geral. Sua clareza de raciocínio e cristalina e fica claro o que todos sabemos sobre os abusos cometidos pelas igrejas durante os séculos em nome de Deus ou Jesus. Tais praticas (Inquisição, Cruzadas etc.) só prestaram um grande desserviço a qualquer base filosófica mais profunda que essas igrejas poderiam trazer em seu bojo.

Por outro lado devemos considerar que Jesus não deixou nada escrito de seu próprio punho e sim através dos seus discípulos evangelistas, Mateus, Lucas, Marcos e João. Sem desconsiderar o trabalho imenso que tais homens prestaram ao cristianismo compilando os ensinamentos ouvidos diretamente do Mestre, no caso de Mateus e João, e compilados por Marcos e Lucas, devemos levar em conta que todos eles escreveram seus evangelhos muitos anos após a morte de Jesus. Além disso e sabido que muitas encíclicas “ajustaram” as citações bíblicas de acordo com os interesses da igreja nas diferentes épocas. Só recentemente, através da tradução direta do grego por Haroldo Dutra Dias do Novo Testamento, temos os evangelhos na sua forma mais original a disposição para estudos.

Consideremos ainda que Jesus era um magnifico pedagogo, tentando revelar algo completamente novo para um povo ainda ignorante e extremamente apegado a regras da religião judaica da época. Que melhor maneira do que um exemplo ou uma parábola? Hoje mesmo quantos professores não usam tal técnica para melhor ilustrar seus ensinamentos? Não sei se realmente Cristo secou a figueira ou endemoninhou os porcos, mas se o fez certamente seria para ilustrar enfaticamente um ensinamento importante. No caso especifico da parábola da figueira, um profundo ensinamento. Quantos porcos sacrificamos hoje em dia para nosso alimento e quantas florestas devastamos sem qualquer objetivo mais elevado a não ser nos alimentarmos ou obtermos algum lucro?

Finalmente, não consigo encontrar citação nenhuma de Jesus estabelecendo Inferno, Purgatório ou Paraíso, como lugares específicos e permanentes para onde devam ir os seus filhos após terem ou não cumprido suas “determinações”. Conheço, sim sua mais importante citação quando inquirido pelo Doutor da Lei da época sobre qual seria a principal lei e ele responde: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito; este o maior e o primeiro mandamento. E aqui tendes o segundo, semelhante a esse: Amarás o teu próximo, como a ti mesmo. - Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos.” (S. MATEUS, cap. XXII, vv. 34 a 40.)

Também eu não consigo ver Jesus estabelecendo penas eternas e tratando-nos tão implacavelmente! Não, não era essa sua postura. Sempre pregou o amor e a união entre todos, não veio para fundar nenhuma religião ou constituir nenhuma igreja, se fosse o caso ele mesmo teria edificado tais palácios que hoje vemos espalhados pelo mundo. Não estabeleceu nenhuma regra a não ser amai-vos uns aos outros. Numa época em que as religiões, especialmente a que o acolheu como filho, possuíam inúmeras regras do “não” ele fundou a filosofia do “sim”, sim amemo-nos uns aos outros como Ele nos amou.

Não tenho duvidas quanto a Sua moralidade.


Comentários