Reunião Publica (197) - Livros dos Espíritos

Ano IX - 11/05/2014

CAPÍTULO VI - DA VIDA ESPÍRITA
Mundos transitórios



236. Pela sua natureza especial, os mundos transitórios se conservam
perpetuamente destinados aos Espíritos errantes?
“Não, a condição deles é meramente temporária.”

a) - Esses mundos são ao mesmo tempo habitados por seres corpóreos?
“Não; estéril é neles a superfície. Os que os habitam de nada precisam.”

b) - É permanente essa esterilidade e decorre da natureza especial que apresentam?
“Não; são estéreis transitoriamente.”

c) - Os mundos dessa categoria carecem então de belezas naturais?
“A Natureza reflete as belezas da imensidade, que não são menos admiráveis do que
aquilo a que dais o nome de belezas naturais.”

d) - Sendo transitório o estado de semelhantes mundos, a Terra pertencerá algum
dia ao números deles?
“Já pertenceu.”

e) - Em que época?
“Durante a sua formação.”

Nada é inútil em a Natureza; tudo tem um fim, uma destinação. Em lugar algum há
o vazio; tudo é habitado,há vida em toda parte. Assim, durante a dilatada sucessão
dos séculos que passaram antes
do aparecimento do homem na Terra, durante os lentos períodos de transição que as
camadas geológicas atestam, antes mesmo da formação dos primeiros seres orgânicos,
naquela massa informe, naquele árido caos, onde os elementos se achavam em confusão,
não havia ausência de vida. Seres isentos das nossas necessidades, das nossas sensações
físicas, lá encontravam refúgio. Quis Deus que, mesmo assim, ainda imperfeita, a Terra
servisse para alguma coisa. Quem ousaria afirmar que, entre os milhares de mundos que
giram na imensidade, um só, um dos menores, perdido no seio da multidão infinita deles,
goza do privilégio exclusivo de ser povoado? Qual então a utilidade dos demais? Tê-los-ia
Deus feito unicamente para nos recrearem a vista? Suposição absurda, incompatível com a
sabedoria que esplende em todas as suas obras e inadmissível desde que ponderemos na
existência de todos os que não podemos perceber. Ninguém contestará que, nesta idéia da
existência de mundos ainda impróprios para a vida material e, não obstante, já povoados de
seres vivos apropriados a tal meio, há qualquer coisa de grande e sublime, em que talvez se
encontre a solução de mais de um problema.

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