Reunião Publica (195): O Evangelho Segundo o Espiritismo

Ano IX - 27/04/2014

CAPÍTULO XVII
SEDE PERFEITOS - Item 7

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS
O dever
7. O dever é a obrigação moral da criatura para consigo mesma, primeiro, e, em
seguida, para com os outros. O dever é a lei da vida. Com ele deparamos nas mais ínfimas
particularidades, como nos atos mais elevados. Quero aqui falar apenas do dever moral e não
do dever que as profissões impõem.
Na ordem dos sentimentos, o dever é muito difícil de cumprir-se, por se achar em
antagonismo com as atrações do interesse e do coração. Não têm testemunhas as suas vitórias
e não estão sujeitas à repressão suas derrotas. O dever íntimo do homem fica entregue ao seu
livre-arbítrio. O aguilhão da consciência, guardião da probidade interior, o adverte e sustenta;
mas, muitas vezes, mostra-se impotente diante dos sofismas da paixão. Fielmente observado,
o dever do coração eleva o homem; como determiná-lo, porém, com exatidão? Onde começa
ele? onde termina? O dever principia, para cada um de vós, exatamente no ponto em que
ameaçais a felicidade ou a tranqüilidade do vosso próximo; acaba no limite que não desejais
ninguém transponha com relação a vós.
Deus criou todos os homens iguais para a dor. Pequenos ou grandes, ignorantes ou
instruídos, sofrem todos pelas mesmas causas, a fim de que cada um julgue em sã consciência
o mal que pode fazer. Com relação ao bem, infinitamente vário nas suas expressões, não é o
mesmo o critério. A igualdade em face da dor é uma sublime providência de Deus, que quer
que todos os seus filhos, instruídos pela experiência comum, não pratiquem o mal, alegando
ignorância de seus efeitos.
O dever é o resumo prático de todas as especulações morais; é uma bravura da alma
que enfrenta as angústias da luta; é austero e brando; pronto a dobrar-se às mais diversas
complicações, conserva-se inflexível diante das suas tentações. O homem que cumpre o seu
dever ama a Deus mais do que as criaturas e ama as criaturas mais do que a si mesmo. E a um tempo juiz e escravo em causa própria.
O dever é o mais belo laurel da razão; descende desta como de sua mãe o filho. O
homem tem de amar o dever, não porque preserve de males a vida, males aos quais a
Humanidade não pode subtrair-se, mas porque confere à alma o vigor necessário ao seu
desenvolvimento.
O dever cresce e irradia sob mais elevada forma, em cada um dos estágios superiores
da Humanidade. Jamais cessa a obrigação moral da criatura para com Deus. Tem esta de
refletir as virtudes do Eterno, que não aceita esboços imperfeitos, porque quer que a beleza da
sua obra resplandeça a seus próprios olhos. - Lázaro. (Paris, 1863.)

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