Reunião Publica (176) - Livros dos Espíritos (Q.217)

Ano IX - 15/12/2013

DA PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS
Parecenças físicas e morais~

217. E do caráter físico de suas existências pretéritas conserva o Espírito traços
nas suas existências posteriores?
“O novo corpo que ele toma nenhuma relação tem com o que foi anteriormente
destruído. Entretanto, o Espírito se reflete no corpo. Sem dúvida que este é unicamente
matéria, porém, nada obstante, se modela pelas capacidades do Espírito, que lhe imprime
certo cunho, sobretudo ao rosto, pelo que é verdadeiro dizer-se que os olhos são o espelho
da alma, isto é, que o semblante do indivíduo lhe reflete de modo particular a alma. Assim é
que uma pessoa excessivamente feia, quando nela habita um Espírito bom, criterioso,
humanitário, tem qualquer coisa que agrada, ao passo que há rostos belíssimos que
nenhuma impressão te causam, que até chegam a inspirar-te repulsão. Poderias supor que
somente corpos bem moldados servem de envoltório aos mais perfeitos Espíritos, quando o
certo é que todos os dias deparas com homens de bem, sob um exterior disforme. Sem que
haja pronunciada parecença, a semelhança dos gostos e das inclinações pode, portanto, dar lugar ao que se chama “um ar de família.”
Nenhuma relação essencial guardando o corpo que a alma toma numa encarnação
com o de que se revestiu em encarnação anterior, visto que aquele lhe pode vir de
procedência muito diversa da deste, fora absurdo pretender-se que, numa série de
existências, haja uma semelhança que é inteiramente fortuita. Todavia, as qualidades do
Espírito freqüentemente modificam os órgãos que lhe servem para as manifestações e lhe
imprimem ao semblante físico e até ao conjunto de suas maneiras um cunho especial. É
assim que, sob um envoltório corporal da mais humilde aparência, se pode deparar a
expressão da grandeza e da dignidade, enquanto sob um envoltório de aspecto senhoril se
percebe freqüentemente a da baixeza e da ignomínia. Não é pouco freqüente observar-se
que certas pessoas, elevando-se da mais ínfima posição, tomam sem esforços os hábitos e as
maneiras da alta sociedade. Parece que elas aí vêm a achar-se de novo no seu elemento.
Outras, contrariamente, apesar do nascimento e da educação, se mostram sempre
deslocadas em tal meio. De que modo se há de explicar esse fato, senão como reflexo
daquilo que o Espírito foi antes?

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