Reunião de Estudo: O Evangelho Segundo o Espiritismo (107)

Ano VIII - 20/05/2012
CAPÍTULO X - BEM-AVENTURADOS OS QUE SÃO MISERICORDIOSOS


INSTRUCoES DOS ESPÍRITOS

Perdão das ofensas
15. Perdoar aos inimigos é pedir perdão para si próprio; perdoar aos amigos é dar-lhes
uma prova de amizade; perdoar as ofensas é mostrar-se melhor do que era. Perdoai, pois,
meus amigos, a fim de que Deus vos perdoe, porquanto, se fordes duros, exigentes,
inflexíveis, se usardes de rigor até por uma ofensa leve, como querereis que Deus esqueça de
que cada dia maior necessidade tendes de indulgência? Oh! ai daquele que diz: "Nunca
perdoarei", pois pronuncia a sua própria condenação. Quem sabe, aliás, se, descendo ao fundo
de vós mesmos, não reconhecereis que fostes o agressor? Quem sabe se, nessa luta que
começa por uma alfinetada e acaba por uma ruptura, não fostes quem atirou o primeiro golpe,
se vos não escapou alguma palavra injuriosa, se não procedestes com toda a moderação
necessária? Sem dúvida, o vosso adversário andou mal em se mostrar excessivamente
suscetível; razão de mais para serdes indulgentes e para não vos tomardes merecedores da
invectiva que lhe lançastes. Admitamos que, em dada circunstância, fostes realmente
ofendido: quem dirá que não envenenastes as coisas por meio de represálias e que não fizestes degenerasse em
querela grave o que houvera podido cair facilmente no olvido? Se de vós dependia impedir as
conseqüências do fato e não as impedistes, sois culpados. Admitamos, finalmente, que de
nenhuma censura vos reconheceis merecedores: mostrai-vos clementes e com isso só fareis
que o vosso mérito cresça.
Mas, há duas maneiras bem diferentes de perdoar: há o perdão dos lábios e o perdão
do coração. Muitas pessoas dizem, com referência ao seu adversário: "Eu lhe perdôo", mas,
interiormente, alegram-se com o mal que lhe advém, comentando que ele tem o que merece.
Quantos não dizem: "Perdôo" e acrescentam. "mas, não me reconciliarei nunca; não quero
tornar a vê-lo em toda a minha vida." Será esse o perdão, segundo o Evangelho? Não; o
perdão verdadeiro, o perdão cristão é aquele que lança um véu sobre o passado; esse o único
que vos será levado em conta, visto que Deus não se satisfaz com as aparências. Ele sonda o
recesso do coração e os mais secretos pensamentos. Ninguém se lhe impõe por meio de vãs
palavras e de simulacros. O esquecimento completo e absoluto das ofensas é peculiar às
grandes almas; o rancor é sempre sinal de baixeza e de inferioridade. Não olvideis que o
verdadeiro perdão se reconhece muito mais pelos atos do que pelas palavras. - Paulo,
apóstolo. (Lião, 1861.)

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