Reunião de Estudos: O Evangelho Segundo o Espiritismo (25)

Ano VI - 12/09/2010

Capítulo II - MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO

A realeza de Jesus

4. Que não é deste mundo o reino de Jesus todos compreendem, mas, também na
Terra não terá ele uma realeza? Nem sempre o título de rei implica o exercício do poder
temporal. Dá-se esse título, por unânime consenso, a todo aquele que, pelo seu gênio, ascende à primeira plana numa ordem de idéias quaisquer, a todo aquele que domina o seu século e influi sobre o progresso da Humanidade. E nesse sentido que se costuma dizer: o rei ou príncipe dos filósofos, dos artistas, dos poetas, dos escritores, etc. Essa realeza, oriunda do mérito pessoal, consagrada pela posteridade, não revela, muitas vezes, preponderância bem maior do que a que cinge a coroa real? Imperecível é a primeira, enquanto esta outra é joguete das vicissitudes; as gerações que se sucedem à primeira sempre a bendizem, ao passo que, por vezes, amaldiçoam a outra. Esta, a terrestre, acaba com a vida; a realeza moral se prolonga e mantém o seu poder, governa, sobretudo, após a morte. Sob esse aspecto não é Jesus mais poderoso rei do que os potentados da Terra? Razão, pois, lhe assistia para dizer a Pilatos, conforme disse: "Sou rei, mas o meu reino não é deste mundo."

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS
Uma realeza terrestre

8. Quem melhor do que eu pode compreender a verdade destas palavras de Nosso
Senhor: "O meu reino não é deste mundo"? O orgulho me perdeu na Terra. Quem, pois,
compreenderia o nenhum valor dos reinos da Terra, se eu o não compreendia? Que trouxe eu
comigo da minha realeza terrena? Nada, absolutamente nada. E, como que para tornar mais
terrível a lição, ela nem sequer me acompanhou até o túmulo! Rainha entre os homens, como rainha julguei que penetrasse no reino
dos céus! Que desilusão! Que humilhação, quando, em vez de ser recebida aqui qual
soberana, vi acima de mim, mas muito acima, homens que eu julgava insignificantes e aos
quais desprezava, por não terem sangue nobre! Oh! como então compreendi a esterilidade das honras e grandezas que com tanta avidez se requestam na Terra!
Para se granjear um lugar neste reino, são necessárias a abnegação, a humildade, a
caridade em toda a sua celeste prática, a benevolência para com todos. Não se vos pergunta o que fostes, nem que posição ocupastes, mas que bem fizestes, quantas lágrimas enxugastes.
Oh! Jesus, tu o disseste, teu reino não é deste mundo, porque é preciso sofrer pira
chegar ao céu, de onde os degraus de um trono a ninguém aproximam. A ele só conduzem as
veredas mais penosas da vida. Procurai-lhe, pois, o caminho, através das urzes e dos
espinhos, não por entre as flores.
Correm os homens por alcançar os bens terrestres, como se os houvessem de guardar
para sempre. Aqui, porém, todas as ilusões se somem. Cedo se apercebem eles de que apenas
apanharam uma sombra e desprezaram os únicos bens reais e duradouros, os únicos que lhes
aproveitam na morada celeste, os únicos que lhes podem facultar acesso a esta.
Compadecei-vos dos que não ganharam o reino dos céus; ajudai-os com as vossas
preces, porquanto a prece aproxima do Altíssimo o homem; é o traço de união entre o céu e a Terra: não o esqueçais. - Uma Rainha de França. (Havre, 1863.)

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