Reunião On-line (18) O Evangelho Segundo o Espiritismo
Ano VII - 25/09/2011
Leitura do Evangelho Segundo o Espiritismo Cap.XIII - NÃO SAIBA A VOSSA MÃO ESQUERDA O QUE DÊ A
VOSSA MÃO DIREITA
Fazer o bem sem ostentação
1. Tende cuidado em não praticar as boas obras diante dos homens, para serem
vistas, pois, do contrário, não recebereis recompensa de vosso Pai que está nos céus. -
Assim, quando derdes esmola, não trombeteeis, como fazem os hipócritas nas sinagogas
e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Digo-vos, em verdade, que eles já
receberam sua recompensa. - Quando derdes esmola, não saiba a vossa mão esquerda o
que faz a vossa mão direita; - a fim de que a esmola fique em segredo, e vosso Pai, que vê
o que se passa em segredo, vos recompensará. - (S. MATEUS, cap. VI, vv. 1 a 4.)
2. Tendo Jesus descido do monte, grande multidão o seguiu. - Ao mesmo tempo,
um leproso veio ao seu encontro e o adorou, dizendo: Senhor, se quiseres, poderás
curar-me. - Jesus, estendendo a mão, o tocou e disse: Quero-o, fica curado; no mesmo
instante desapareceu a lepra. - Disse-lhe então Jesus: abstém-te de falar disto a quem
quer que seja; mas, vai mostrar-te aos sacerdotes e oferece o dom prescrito por Moisés, a
fim de que lhes sirva de prova. (S. MATEUS, cap. VIII, vv. 1 a 4.)
3. Em fazer o bem sem ostentação há grande mérito; ainda mais meritório é ocultar a
mão que dá; constitui marca incontestável de grande superioridade moral, porquanto, para
encarar as coisas de mais alto do que o faz o vulgo, mister se torna abstrair da vida presente e
identificar-se com a vida futura; numa palavra, colocar-se acima da Humanidade, para
renunciar à satisfação que advém do testemunho dos homens e esperar a aprovação de Deus.
Aquele que prefere ao de Deus o sufrágio dos homens prova que mais fé deposita nestes do
que na Divindade e que mais valor dá à vida presente do que à futura. Se diz o contrário,
procede como se não cresse no que diz.
Quantos há que só dão na esperança de que o que recebe irá bradar por toda a parte o
benefício recebido! Quantos os que, de público, dão grandes somas e que, entretanto, às
ocultas, não dariam uma só moeda! Foi por isso que Jesus declarou: "Os que fazem o bem
ostentosamente já receberam sua recompensa." Com efeito, aquele que procura a sua própria
glorificação na Terra, pelo bem que pratica, já se pagou a si mesmo; Deus nada mais lhe
deve; só lhe resta receber a punição do seu orgulho.
Não saber a mão esquerda o que dá a mão direita é uma imagem que caracteriza
admiravelmente a beneficência modesta. Mas, se há a modéstia real, também há a falsa
modéstia, o simulacro da modéstia. Há pessoas que ocultam a mão que dá, tendo, porém, o
cuidado de deixar aparecer um pedacinho, olhando em volta para verificar se alguém não o
terá visto ocultá-la. Indigna paródia das máximas do Cristo! Se os benfeitores orgulhosos são
depreciados entre os homens, que não será perante Deus? Também esses já receberam na
Terra sua recompensa. Foram vistos; estão satisfeitos por terem sido vistos. E tudo o que
terão.
E qual poderá ser a recompensa do que faz pesar os seus benefícios sobre aquele que
os recebe, que lhe impõe, de certo modo, testemunhos de reconhecimento, que lhe faz sentir a
sua posição, exaltando o preço dos sacrifícios a que se vota para beneficiá-lo? Oh! para esse
nem mesmo a recompensa terrestre existe, porquanto ele se vê privado da grata satisfação de
ouvir bendizer-lhe do nome e é esse o primeiro castigo do seu orgulho. As lágrimas que seca
por vaidade, em vez de subirem ao Céu, recaíram sobre o coração do aflito e o ulceraram. Do
bem que praticou nenhum proveito lhe resulta, pois que ele o deplora, e todo benefício
deplorado é moeda falsa e sem valor.
A beneficência praticada sem ostentação tem duplo mérito. Além de ser caridade
material, é caridade moral, visto que resguarda a suscetibilidade do beneficiado, faz-lhe
aceitar o benefício, sem que seu amor-próprio se ressinta e salvaguardando-lhe a dignidade de
homem, porquanto aceitar um serviço é coisa bem diversa de receber uma esmola. Ora,
converter em esmola o serviço, pela maneira de prestá-lo, é humilhar o que o recebe, e, em
humilhar a outrem, há sempre orgulho e maldade. A verdadeira caridade, ao contrário, é
delicada e engenhosa no dissimular o benefício, no evitar até as simples aparências capazes
de melindrar, dado que todo atrito moral aumenta o sofrimento que se origina da necessidade.
Ela sabe encontrar palavras brandas e afáveis que colocam o beneficiado à vontade em
presença do benfeitor, ao passo que a caridade orgulhosa o esmaga. A verdadeira
generosidade adquire toda a sublimidade, quando o benfeitor, invertendo os papéis, acha
meios de figurar como beneficiado diante daquele a quem presta serviço. Eis o que significam
estas palavras: "Não saiba a mão esquerda o que dá a direita."
Comentários
Postar um comentário