Reunião de Estudo: O Livro dos Espíritos (73)
Ano VII - 11/09/2011
Parte Segunda - Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos
Capítulo I - DOS ESPÍRITOS
Parte Segunda - Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos
Capítulo I - DOS ESPÍRITOS
Escala
espírita
100. OBSERVAÇÕES PRELIMINARES. - A classificação
dos Espíritos se baseia no grau de adiantamento deles, nas qualidades que já
adquiriram e nas imperfeições de que ainda terão de despojar-se. Esta
classificação, aliás, nada tem de absoluta. Apenas no seu conjunto cada
categoria apresenta caráter definido. De um grau a outro a transição é insensível
e, nos limites extremos, os matizes se apagam, como nos reinos da Natureza,
como nas cores do arco-íris, ou, também, como nos diferentes períodos da vida
do homem. Podem, pois, formar-se maior ou menor número de classes, conforme o
ponto de vista donde se considere a questão. Dá-se aqui o que se dá com todos
os sistemas de classificação científica, que podem ser mais ou menos completos,
mais ou menos racionais, mais ou menos cômodos para a inteligência. Sejam, porém,
quais forem, em nada alteram as bases da ciência. Assim, é natural que
inquiridos sobre este ponto, hajam os Espíritos divergido quanto ao número das
categorias, sem que isto tenha valor algum. Entretanto, não faltou quem se
agarrasse a esta contradição aparente, sem refletir que os Espíritos nenhuma
importância ligam ao que é puramente convencional. Para eles, o pensamento é
tudo. Deixam-nos a nós a forma, a escolha dos termos, as classificações, numa
palavra, os sistemas.
Façamos ainda uma consideração que se não deve
jamais perder de vista, a de que entre os Espíritos, do mesmo modo que entre os
homens, há os muito ignorantes, de maneira que nunca serão demais as cautelas
que se tomem contra a tendência a crer que, por serem Espíritos, todos devam
saber tudo. Qualquer classificação exige método, análise e conhecimento
aprofundado do assunto. Ora no mundo dos Espíritos, os que possuem limitados
conhecimentos são, como neste mundo, os ignorantes, os inaptos a apreender uma
síntese, a formular um sistema. Só muito imperfeitamente percebem ou
compreendem uma classificação qualquer. Consideram da primeira categoria todos
os Espíritos que lhes são superiores, por não poderem apreciar as gradações de
saber, de capacidade e de moralidade que os distinguem, como sucede entre nós a
um homem rude com relação aos civilizados. Mesmo os que sejam capazes de tal
apreciação podem mostra-se divergentes, quanto às particularidades,
conformemente aos pontos de vista em que se achem, sobretudo se se trata de uma
divisão, que nenhum cunho absoluto apresente. Lineu, Jussieu e Tournefort
tiveram cada um o seu método, sem que a Botânica houvesse em conseqüência
experimentado modificação alguma. É que nenhum deles inventou as plantas, nem
seus caracteres. Apenas observaram as analogias, segundo as quais formaram os
grupos ou classes. Foi assim que também nós procedemos. Não inventamos os Espíritos,
nem seus caracteres. Vimos e observamos, julgamo-los pelas suas palavras e
atos, depois os classificamos pelas semelhanças, baseando-nos em dados que eles
próprios nos forneceram.
Os Espíritos, em geral, admitem três categorias
principais, ou três grandes divisões. Na última, a que fica na parte inferior
da escala, estão os Espíritos imperfeitos, caracterizados pela predominância da
matéria sobre o Espírito e pela propensão para o mal. Os da segunda se
caracterizam pela predominância do Espírito sobre a matéria e pelo desejo do
bem: são os bons Espíritos. A primeira, finalmente, compreende os Espíritos
puros, os que atingiram o grau supremo da perfeição.
Esta divisão nos pareceu perfeitamente racional
e com caracteres bem positivados. Só nos restava pôr em relevo, mediante
subdivisões em número suficiente, os principais matizes do conjunto. Foi o que
fizemos, com o concurso dos Espíritos, cujas benévolas instruções jamais nos
faltaram. Com o auxílio desse quadro, fácil será determinar-se a ordem, assim
como o grau de superioridade ou de inferioridade dos que possam entrar em relações
conosco e, por conseguinte, o grau de confiança ou de estima que mereçam. É, de
certo modo, a chave da ciência espírita, porquanto só ele pode explicar as
anomalias que as comunicações apresentam, esclarecendo-nos acerca das
desigualdades intelectuais e morais dos Espíritos. Faremos, todavia, notar que
estes não ficam pertencendo, exclusivamente, a tal ou tal classe. Sendo sempre
gradual o progresso deles e muitas vezes mais acentuado num sentido do que em
outro, pode acontecer que muitos reúnam em si os caracteres de várias categorias,
o que seus atos e linguagem tornam possível apreciar-se.
Comentários
Postar um comentário